Meio pizza, meio bacalhau – a genealogia do Patada Atômica, Roberto Rivellino

Um dos maiores ídolos do Fluminense, do Corinthians, tricampeão mundial com a seleção brasileira, Roberto Rivellino dispensa apresentações. O Patada Atômica jogou 13 anos pela seleção brasileira, 10 anos pelo Corinthians e 4 anos pelo Fluminense – sendo o principal jogador do Brasil na Copa de 1974.

Roberto Rivellino em 1974. Fonte: Arquivo Nacional

Roberto nasceu na cidade de São Paulo, no primeiro dia de 1946 no número 371 da rua Brás Cubas, no bairro da Aclimação. Seus pais eram Nicolino Rivellino e Olanda Tavares.

Talão de nascimento de Roberto Rivellino. Fonte: FamilySearch

Como pode ser visto em seu registro de nascimento, seu pai Nicolino era paulistano. Ele nasceu em 21 de outubro de 1918, sendo batizado em 19 de fevereiro do ano seguinte na paróquia do Cambuci, em São Paulo (mas o nascimento ocorreu no bairro de Pinheiros).

Registro de batismo de Nicolino Rivellino, na paróquia do Cambuci. Fonte: FamilySearch

Rivellino é um sobrenome italiano: mais encontrado na região do Molise. O Molise é, paradoxalmente, famoso por não ser famoso: é uma região sem grandes cidades e economicamente menos desenvolvida, havendo na Itália a piada de que Il Molise non esiste. Foi de uma piccola ciddade do Molise chamada Macchiagodena, na província de Isernia, que vieram os Rivellino.

Macchiagodena, em Isernia. Fonte: https://www.visitmolise.eu/scheda-localita/-/d/dms/1563774/macchiagodena

Com apenas 1.900 habitantes, Macchiagodena não é uma cidade particularmente famosa, embora tenha alguns atrativos turístico como um castelo. Nesta pacata vila, em 7 de outubro de 1895 se casam civilmente Biaggio Rivellino, de 23 anos, filho de Salvatore Nicola Rivellino e Donata Bertona, com Libera Errica Filomena Forte, de 22 anos, filha de Giovanni Domenico Forte e Maria Dilette Paolella. Libera era natural da vila de Castelpetroso, localizada a apenas 8 km de Macchiagodena.

Registro de casamento de Biagio Rivellino e Libera Forte. Fonte: Antenati

A linha patrilinear do Patada Atômica é toda do mesmo local: no belo borgo molisano nasceu seu bisavô Salvatore Nicola Rivellino em 1832, seu trisavô Pacifico Costantino Rivellino em 1798 e seu tetravô Nicola Rivellino.

A família Rivellino foi uma das muitas que imigrou por partes: Biagio chegou no Brasil em 1899, enquanto seu primogênito Giovanni chegou em 1911, no vapor Santa Helena. Ignora-se com quem veio Libera ao Brasil (mas veio antes de 1913, pois neste ano nasce em SP seu filho Donato), mas também veio Salvatore, segundo filho de Biagio. Nicolino, pai de Roberto, casou em 1940 no cartório do Ibirapuera com Olanda Tavares, também paulistana.

Olanda nasceu em 6 de novembro de 1922 no bairro da Consolação, filha da Abílio Tavares e Esperança de Jesus. E assim como Roberto é neto de imigrantes na linha paterna, também o é na linha materna – Abílio Tavares e Esperança de Jesus eram ambos portugueses!

A grande maioria dos imigrantes portugueses ao Brasil veio do Norte do país – especialmente da região do Minho, Douro e Trás-os-Montes – mas não os Tavares. Abílio e Esperança eram naturais da freguesia de Seixo Amarelo, no concelho da Guarda, no centro-leste do país. Neste mesmo local, em 25 de janeiro de 1913, se casavam civilmente Abílio e Esperança – ambos naturais do Seixo Amarelo. Ele filho de Augusto Tavares (Barbas) e Maria das Neves, ela de Henrique de Almeida e Anna Rosa.

Certidão de casamento de Abílio Tavares e Esperança de Jesus, gentilmente solicitada pela competentíssima amiga genealogista Ariane Brignol

Abílio nasceu em 1892. Seu pai Augusto, apesar de ser da Guarda, era soldado do oitavo regimento de cavalaria – e residia na cidade de Castelo Branco, no norte do país. Augusto era filho de Francisco Tavares Barbas e Delfina Soares, enquanta sua esposa era filha natural de Maria das Neves (que por sua vez, era filha de Antonio Nunes e Rosaria Maria). Os sobrenomes dos ancestrais de Augusto se repetem muito, indicando possível endogamia.

Árvore genealógica de Augusto Tavares Barbas

E Abílio não foi o único da família a residir no Brasil: seu primo, de nome Abel Tavares (Barbas) também veio ao Brasil e curiosamente também residiu na cidade de São Paulo, na Avenida Guarulhos, número 111:

Ficha remissiva de registro de estrangeiro de Abel Tavares. Fonte: FamilySearch

Foi encontrado ainda outro primo, irmão de Abel, chamado Antonio, que residiu na cidade do Rio de Janeiro.

Esperança nasceu no Seixo Amarelo em 1885, e sua árvore também apresenta elevado grau de endogamia. Sua avó paterna, Joaquina Maria, era irmã de seu avô materno, Manuel Mendes Cairrão.

Árvore genealógica de Esperança de Jesus

Do lado familiar de Esperança, também foi notado que não estava “sozinha” na terra nova. Suas irmãs Albina, Vitalina, Albertina e Joaquina (além do irmão José) todos residiram em São Paulo capital.

Genealogicamente, Rivellino é 100% europeu – metade italiano e metade português. Curiosamente, na Copa de 1978 foi reserva de um outro jogador que também tinha todos os avós portugueses e italiano: Artur Antunes Coimbra, o Zico.

Publicado por ghpedroso

Genealogista, acadêmico de História e pesquisador da região de Campos Novos-SC, com foco em pessoas de etnia ucraniana e polonesa

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